sábado, 31 de janeiro de 2009

Complexo Briget Jones

Acho um saco esse tipo de literatura (q?) feminina, escrita sempre por uma mulher urbanóide, moderna, em-busca-de-um-grande-amor que vem fazendo tanto sucesso por aí. Uma legião de mulheres de seus 30 e poucos anos, solteiras, que fazem bico enquanto comem brigadeiro e assistem filmes românticos, sem amigos, sem ninguém... tadinhas.
Elas só buscam um cara legal, bonito, carinhoso, teligentericoqueentendaossentimentoseblablabla e não se sentem encabuladas em contar a qualquer um como é difícil encontrar esse cara legal no mar de idiotas em que elas estão submersas; espalham suas derrotas amorosas por aí sem se preocupar com nada:

– Porque eu sou assim, e quem não gostar, Q U E S E F O D A !

Tudo tem limite, já diria Dona Maria. E o limite, pra mim, é o portal Mulé é um bicho burro mermo, anti-pérola do mundo virtual, urbanóide, moderno.

Porra! Olha o nome do site!!! Pode um negócio desse?!

Lá, quatro digníssimas moças (a saber: Antânia, Bucéfala, Idiotilde e Jujumenta), urbanóides, modernas, em-busca-de-um-grande-amor refletem sobre a vida, o universo e tudo o mais; claro, com a maior acuidade linguística já vista e a maior sagacidade em descobrir o que cada mulher pensa da vida.

No texto "Toda mulher inteligente é uma burra assumida" o nível cultural da autora é notável. Esta, logo no início, deixa bem claro que não é uma qualquer, é mulher inteligente, formada, de bom gosto e coisa e tal; nota-se realmente seu avanço intelectual nas colocações ao longo do texto. A baixo, a mais elevada de todas:

Você é bonita e ficou com o cara que queria? Acredite que não foi por ter milhares de táticas, decorar as dicas da revista Nova, ser atualizada, ler José Saramago, estar por dentro do que acontece no Brasil e no mundo, fazer joguinhos de conquista, dar ou não no primeiro encontro, não atender a ligação para fazer charme. [...]

Poxa, meninas, assim o Brasil se apaixona por vocês.


"De repente deu um bumm: Nossa, mas como a gente é burra!"


Para quem tiver banda larga e um tempinho sobrando, a entrevista que elas deram pro Jô

domingo, 25 de janeiro de 2009

Eletrodomesticados



Era uma vez uma máquina de lavar.
A máquina de lavar da minha casa. Ah! Como era bela! Grande, robusta, lavava até 8kg, não exigia que se esfregasse a roupa manchada antes e ainda economizava sabão em pó como nenhuma outra.

O único problema era que ela não queria ser máquina de lavar para sempre.

Sonhava em ser um avião.

Tentou por inúmeras vezes alçar vôo da lavanderia rumo ao infinito do firmamento. Porém o fio da tomada dela a impedia: possuia apenas 1m de comprimento
– 1 metro apenas?
– Sim, 1 metro apenas. Ele não tinha aquele espírito sonhador.

Então a máquina só podia sonhar até 1m, o que era uma tremenda injustiça se comparamos aos aspiradores de pó, que podem sonhar até quase 7m de comprimento. Podem sonhar embaixo da cama, atrás do sofá, dentro do armário. Os mais aventureiros podem sonhar até mesmo dentro dos carros.
Mas aspiradores de pó não sonham tão alto como a minha antiga máquina de lavar. Eles nunca quiseram sair voando por aí, mesmo tendo oportunidade para tal; se contentam em passar a vida útil aspirando as migalhas que o dono renega, achando que serão valorizados por executar a tarefa com resignação.

Humpf... odeio aspiradores de pó.

Acontece que as investidas da máquina acabaram por apressar seu fim.
Foi trocada por uma outra que aceita tudo que lhe é imposto. Sempre calada, sempre lavando, sem causar maiores danos.
Coitadinha, esta nunca sonhou em voar.

domingo, 11 de janeiro de 2009


do dia 25/06/08


"Hoje me senti Clarice. A hora do almoço foi a pior hora de todas. Minha única vontade era encostar em uma parede e ficar... nem vontade de fechar os olhos, era só de encostar mesmo.

Melancolia legítima. E é isso que me faz mulher, segundo o poeta, que era homem, obviamente.

Não saber porque, naquele momento, eu era Clarice piorava a situação; afinal, nem sei direito quem foi essa mulher, não a conheço.

Nadinha de Clarice em mim;
Só esse sentir-estranho, que teve hora pra começar.

Aproveitei os minutos restantes para descobrir o que nós (eu a minha amiga Lispector) sentíamos. Encontrei isso:

A mulher continuou a sacudir a toalha com violência e perguntou-se a quem poderia contar o que sucedera, mas não encontrou ninguém que entendesse o que ela não pudesse explicar."

sábado, 10 de janeiro de 2009

direita

Ela estava sentada na cama.

Ele deitou-se, a cabeça apoiada nas pernas cruzadas dela. Sorriu ao perceber que era muito mais bonita daquele ângulo do que dos outros que viu durante a noite toda.

Sentiu saudade de sua namorada. Não era tão bonita, mas ele estava realmente apaixonado dessa vez... não devia ter cedido e passado a noite com esta outra mulher. Ainda que não tivessem feito nada de mais, de certo modo traiu; e se sentia mal com isso.

- Frioziiinho... – disse ela, enquanto se abaixava na direção de seu pescoço.

Era tão bom... e ela tão bonita! Ainda mais na luz matinal que entrava pela janela do quarto, dançando no mesmo ritmo que a cortina ao vento. Acariciou sua nuca, sentiu os pelinhos se arrepiando.

As bocas se aproximaram, se encontraram.

- Melhor não
- É.

Ele levantou-se, arrumou o casaco. Olhou novamente para ela, que permaneceu na mesma posição: sentada, pernas cruzadas uma sobre a outra, a blusa caindo-lhe sobre os ombros. Um feixe de luz em seu rosto.

Encurvado em sua direção, deu-lhe outro beijo. Sorriu. Ele, sentindo-se um canalha e, ao mesmo tempo, um poeta, se espantou ao ouvi-la dizer:

- Você tem mau-hálito.

esquerda

Ela estava sentada na cama.

Ele deitou-se, a cabeça apoiada em suas pernas cruzadas, sorrindo para ela como se intencionasse pedir sua permissão, tamanha invasão era aquela.
Era uma atitude dispensável: durante toda a noite roubou-lhe carinhos intensos, fez-lhe ofegar; um colinho inocente numa manhã fria não era nada comparado a tudo que já havia acontecido entre os dois.

- Frioziiinho...

Encurvou o corpo na direção do pescoço dele.
Ao abaixar-se, sentiu a mão masculina encostada em sua nuca, que descia para as costas e violava a blusa amarrotada.

As bocas se aproximaram, se encontraram.

- Melhor não
- É.

Ele levantou-se, arrumou o casaco. Olhou novamente para ela, que permaneceu na mesma posição: sentada, pernas cruzadas uma sobre a outra, a blusa caindo-lhe sobre os ombros. Um feixe de luz em seu rosto.

Encurvado em sua direção, deu-lhe outro beijo. Sorriu. Ela, sentindo-se orgulhosa e, ao mesmo tempo, uma vadia, disse:

- Você tem mau-hálito.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Reforma Gramatical


BOMBA!

O trema não existe mais.
Pingüins entram em crise: pinguim é o diminutivo de pingo, poxa.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

20.09

Colocou a pasta de dente na escova e a escova na boca.
Sentiu um gosto salgado, gosto de lágrima.

Começou assim o ano novo.