sábado, 10 de janeiro de 2009

direita

Ela estava sentada na cama.

Ele deitou-se, a cabeça apoiada nas pernas cruzadas dela. Sorriu ao perceber que era muito mais bonita daquele ângulo do que dos outros que viu durante a noite toda.

Sentiu saudade de sua namorada. Não era tão bonita, mas ele estava realmente apaixonado dessa vez... não devia ter cedido e passado a noite com esta outra mulher. Ainda que não tivessem feito nada de mais, de certo modo traiu; e se sentia mal com isso.

- Frioziiinho... – disse ela, enquanto se abaixava na direção de seu pescoço.

Era tão bom... e ela tão bonita! Ainda mais na luz matinal que entrava pela janela do quarto, dançando no mesmo ritmo que a cortina ao vento. Acariciou sua nuca, sentiu os pelinhos se arrepiando.

As bocas se aproximaram, se encontraram.

- Melhor não
- É.

Ele levantou-se, arrumou o casaco. Olhou novamente para ela, que permaneceu na mesma posição: sentada, pernas cruzadas uma sobre a outra, a blusa caindo-lhe sobre os ombros. Um feixe de luz em seu rosto.

Encurvado em sua direção, deu-lhe outro beijo. Sorriu. Ele, sentindo-se um canalha e, ao mesmo tempo, um poeta, se espantou ao ouvi-la dizer:

- Você tem mau-hálito.

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